28/12/2004

Eu detesto palhaços

Tinha apenas 7 anos. Agarrava, na minha pequena mão, a mão enorme da minha Mãe. Levava um sorriso rasgado nos labios. Uma fita cor de rosa tentava domar os meus cabelos que caiam desalinhados sobre as minhas costas. Tinha alguma dificuldade em acompanhar os largos passos da minha Mãe, mas lá corria um pouco, saltado algumas poças de agua, tropeçava, não caia proque a mão da minha Mãe segurava-me sempre.
Bem em cima da minha cabeça um enorme cartaz brilhante "CIRCO" (gostava de me lembrar do nome da companhia de circo, mas na altura só li Circo por intuição, não era assim tão rapida e passei por la quase a correr).

-Anda... Vamos perder os palhaços se não te despachas.

A minha mãe já me tinha largado a mão, estava a uns 5 metros de mim com um ar de zangada. Pouco me importei. Quem queria ver os palhaços era eu.
Por ali por perto lançava-se fogo, os leões agitavam-se em grandes caixotes de grades, vendiam-se pipocas e algodão doce. Parei perto da vendedora de algodão doce, tinha um ar de mãe encantador, alias todas as mulheres com mais de 35 anos me pareciam mães naquela altura. A minha Mãe não tinha parado, estava na fila para comprar os bilhetes. Procurei algum dinheiro nos bolsos, nada. Começava a estar inquieta, tinha pressa.

Eu adoro palhaços

olhei para a mãe do algodão doce ela sorriu-me com um ar cumplice e esticou-me a mão com uma grande nuvem. Rasgou-se um enorme sorriso na minha cara.

-Agradecida

Corri para perto da minha mãe ainda com um sorriso nos labios. Não sabia se ela iria achar muita piada a ter "arranjado" o algodão doce, mas também não estava muito preocupada. Queria era entrar e, ver os palhaços.

-Tolinha... O mundo ainda gira a volta do teu sorriso.

Sorri ainda mais por não ter levado um sermão. Dei a mão que me sobrava a minha Mãe e deixei que ela me guiasse pelo meio da multidão colorida que povoava o circo. Sentamo-nos muito perto da arena. Estava em estado de extase total. Meus olhos brilhavam, tinha a boca toda lambuzada mas ninguem reparava.
O espetacdulo começou. Contei duas horas antes de aparecerem os palhaços. Duas horas nas horas das crianças porque eu não tinha dinheiro para relogios.
Os palhaços apareceram e falavam a olhar directamente para mim (ou pelo menos assim me parecia). Um palhaço era alegre e rico, mas calhava-lhe sempre tudo mal, outro era pobre e triste mas por ironia do destino as coisas acabam sempre bem para o lado dele. Ria-me

Eu adoro palhaços

Os palhaços parecem me sempre familiares, apesar daquelas pinturas todas que lhes da um ar engraçado reconheço sempre um sorriso ou uma lagrima familiar. Naquele dia os palhaços actuavam para mim. Tinha eu 7 anos e uma maravilhosa Mãe.
Os palhaços estavam se a despedir (Directamente de mim) e no meio dos aplausos, no meio de toda a confusão...

Dou por mim no meio de umas duzentas pessoas, todas de pé aplaudindo uns tipos com as caras pintadas que eu não conheço de lado nenhum. As crianças todas iguais com um sorriso igual a todos os outros preenchem a maior parte dos lugares.
Dou por mim no meio de um circo, tenho 19 anos. Estou sem ninguem conhecido por perto. Atordoa-me o barulho, os risos, as palmas.
Dirijo-me para a saida, quase a correr ao som das palmas.

-Então minha menina pequenina? Não vai ver o magico a fazer desaparecer a bailarina?

Não, decididamente não ia ver um homem qualquer fazer desaparecer uma bailarina. Afastei-me com pressa desse sitio onde os palhaços fazem rir mesmo os palhaços que choram e corri para o mundo onde as pessoas fazem exactamente a mesma coisa mas sem mascaras. Chamam-lhe, vulgarmente, mundo real(??)
Decididamente...

Eu detesto palhaços

23/12/2004

Quantas vezes pestanejamos num segundo?

Hoje acordei tarde, ou talvez me tenha deitado tarde, não sei bem, porquê o fim da noite parece-me já muito com o principio do dia. Sei que me atrasei para as mil e uma coisas que tinha para fazer (confesso que de proposito). E, assim, fiquei com muito menos para fazer e muito menos com que me preocupar.

Almocei ainda em casa, com a pressa habitual com que me sento a mesa. Corri para um autocarro qualquer que me levasse para um qualquer sitio para qualquer uma das coisas que ainda tinha tempo para fazer... O que não podia imaginar era que o meio de transporte para o que ia fazer se tornaria no sitio onde fiz a unica coisa util hoje.

Ainda na paragem, esperando, com a calma que me cabia, o autocarro que não sabia para onde ia. Impinei o nariz e nele segurei os meus oculos de sol, que tentavam a todo o custo esconder os olhos vermelhos e inchados que me assombram a cara já há alguns dias. Segurava a carteira numa mão, noutra o telemovel. Encostei-me ao muro de uma casa, plantada ali para mim. Olhei as horas uma unica vez.

13h40

Tenho a certeza que eram 13h40. O autocarro deveria estar a passar e, eu sei que já sabia isso. e num abrir e fechar de olhos, naquele pestanejar natural e incontrolavel apareceu a minha frente uma velha senhora. Cabelos compridos. Brancos. Olhos escuros. Fundos. Baixa. Exageradamente baixa. Nao sei dizer se gorda ou magra, e nao me lembro se usava oculos ou nao. Apareceu num pulinho e sorriu. Sorri tambem. Arranquei numa pressa incompreensivel os oculos que me tapavam os olhos. Sorri mais ainda.

-Podias-me dizer as horas?

podia... claro que podia. Corri a procurar o telemovel na carteira, tinha o na mão. Olhei as horas. 13h40... Mas isso eu já sabia

-13h40
-O autocarro deve estar a chegar, obrigada

realmente o autocarro devia estar a chegar. Alias, já devia ter chegado quando a primeira vez olhei o relogio. Mas o autocarro não vinha. Coloquei outra vez os oculos, agora porque o sol me magoava os olhos que ainda queriam dormir.
Pestanejei outra vez. E num pulinho, mais assustador que o outro, reapareceu a minha frente a velha senhora. Não sorria. Senti que tambem não sorri, se bem que fiz esforço para o fazer.

-Quando tinha a tua idade ajudava toda a gente, agora sei que tenho de ter mais pena de mim do que do mais pobre ser do mundo

Desta vez tenho a certeza que sorria e fiz um esforço enorme para responder, mas não respondi.

-Ajudava toda a gente ate chegar a um ponto em que precisava eu de ser ajudada e, como já me tinham avisado, não tinha ninguem para me ajudar. Muita gente se queixa sem razão. Estão todos mal. Tu também.

Já nao queria responder, nem sequer sorri.

-És nova. Tenho pena de ti. E já há muito tempo que não tenho pena de ninguem. Já há muito tempo que não ajudo ninguem. Mas os anjos veem se de longe. E todos os anjos merecem ajuda para curar as asas e voltar ao ceu.

Não queria falar, não queria sorrir, nem sequer queria ouvir.

então pegou-me na mão virou-a de palma para cima, ajeitou os oculos na cara (afinal sempre usava oculos). Cobriu a palma da minha mão com a sua outra mão. Olhou-me por detras dos oculos

-Escondes esses olhos como toda a tua doçura, quantas vezes olhas ao espelho para veres esses olhos? quantas vezes deixas alguem olha-los? Meu anjo, só precisas de estar sozinha um pouco. O teu remedio é de graça, da graças ao Senhor. Tira os oculos, deixa-te ao vento, só, livre, solta. Vive o tempo que eu já não tenho.
Bom Natal. O ano que vem é teu, eu já não tenho tempo, delego-te o prazer de o viveres por mim, de o aproveitares. Quando já não te interessar lembra-te que me interessa a mim.

Já não estava a ouvir, já não sabia sorrir e, as palavras que poderia dizer já não eram minhas. Fez-se silencio. pestanejei

O autocarro apareceu na curva (finalmente). Entrei. sentei-me. Ia guardar o telemovel, que ainda segurava na mão, na carteira, olhei antes para o relogio

13h40


Quantas vezes pestanejamos num segundo?

22/12/2004

É incrivel como quando se é criança o mundo acaba várias vezes ao dia. E outras tantas (ou talvez mais) recomeça, com um sorriso, um abraço, um beijo.
É incrivel como quando se é criança uma mentira parece o fim e um sorriso é com certeza um principio.

Ontem o meu mundo acabou duas vezes e, por uma só vez renasceu (uma vez que vale todas as vezes)

E ontem ate foi o dia mais pequeno do ano.
É incrivel como nunca acreditei no destino, mas quando, ele, me grita aos ouvidos, me atira pistas para o colo é impossivel fechar os olhos. O destino atirou-se para cima de mim, literalmente. Confesso que a caminhada perde um pouco a graça, mas ao menos o caminho é menos sombrio.

perdi o medo do escuro agora que vejo tudo

Não, não falo em me acomodar, em parar. Muito pelo contratio. falo só em saber para onde ir.
Ontem num dos desabamentos habituais do mundo em cima de mim, tive a exacta sensaçao do que é morrer. O tunel. A luz. A voz. As imagens. (E se morrer é assim, deixem me viver só mais um bocadinho para depois ter mais porque morrer) A verdade é que não estava la Deus nenhum para me receber. Levei um pontape no cu e, mandaram me de volta. Dizem que ainda tenho muito para fazer aqui. Quem diz? Não faço ideia. Se foi deus só sei que tem uma voz feia.

Hoje que as coisas já passaram, (porque ontem não é hoje no maximo será amanha) e hoje que me sinto senhora da razão. Tropecei em mim e cai no chão. mas quando tropeçamos em nós proprios não nos devemos queixar. Achei-me assim num mundo enorme, num lugar qualquer onde sempre achei não estar. Ri-me a brava ontem. E ontem "o meu mundo acabou duas vezes e, por uma só vez renasceu".

E renasceu no teu beijo (Nunca me tinhas beijado assim), quanto tempo foi? alguns eternos segundos... Perdi-me ali, no teu beijo. E foi exactamente onde pensei que me tinha perdido que me achei. Foste sempre tu. estive sempre ali, guardada, dentro de ti. não fazes ideia do que me ri, deitada na minha cama a pensar nas voltas que andei a dar para chegar a ti. Podias ter chamado por mim, podias-me ter acordado dos sonhos onde eu vivia. Mas deixaste-me estar. E por isso agora é mais justo, mais certo, mas sincero.

"Não há passos divergentes para quem se quer encontrar"

Fazes-me bem e, tenho a certeza que vou sentir a tua falta quando fores atras dos teus sonhos, quando me deixares voltar para os meus. É triste começar a espera do fim. Mas eu que ontem vi tudo, com a pontaria certeira de quem morre, sei que só estamos aqui a ganhar forças, ou a gasta-las. Sei que só estamos a curar as feridas, a deixar crescer as penas.
Sei que depois vamos voar e quem sabe se não nos iremos encontrar num desses ceus que são tao nossos...
Sei que agora estou e sou daqui, sei não ser para sempre, por isso guardo o eterno beijo que me deste ontem. Num ontem que não se repetira.

Vais-me fazer falta baixote...

21/12/2004

Solstício de Inverno

Nao é que me encontre com grande vontade de escrever. Mas não posso deixar o dia de hoje por assinalar. Hoje o dia é mais pequeno e não o é por nenhuma metafora linguistica, é porque o sol cansa-se mais cedo, e corre com mais pressa para o mar.
Hoje assinala-se uma mudança, real, que alguem inventou há muito tempo atras. Não é que de um dia para o outro tudo mude, mas a mudança sempre nos pareceu boa, certo? Faz-nos pelo menos acreditar que pode ser diferente daqui para a frente. Infelizmente a mudança nem sempre é boa.

Mas hoje começa o inverno...

Não posso esconder a minha felicidade. Alem de já faltar pouco para o natal entramos na minha altura do ano favorita.

Adoro este ar gelado que respiro. Adoro acordar de manha cedinho, ver uma luz cor de rosa a querer rasgar as nuvens e, o chão branco a espera de ser lavado. Adoro este cheiro a frio, que não cheira a nada e, por isso cheira me a mim. Adoro carregar-me com luvas e cachecol, embrulhar-me como uma prenda e aparecer na casa de alguem a cantar as janeiras. Adoro ver os homens a deixarem crescer a barba para imitarem o pai natal. Adoro ver as ruas enfeitadas e com música de fundo (que desta vez não é o teu cantar). Adoro sentar-me perto da lareira, enterrada em cobertores, escrever postais de natal.

Combinação perfeita...

Bem vindo Inverno a este coração quente...

20/12/2004

Volta amanha

Não, não creio que hoje seja mais fácil, não creio que seja mais justo...
Mas parece-me, por ironia do destino, que hoje é o dia perfeito. Não que as coisas tenham mudado, não que te tenha esquecido
Parece-me só perfeito...

talvez seja mais facil hoje, por não haver lua, talvez ate haja, mas esta escondida com medo de ti atras de uma qualquer nuvem, o que é quase a mesma coisa. A tua ausencia parece-me, hoje, menor. As tuas mãos não me fazem tanta falta, hoje

Volta amanha...

hoje, não preciso do teu riso, nem da tua falta de jeito, nem dos teus olhos gigantes. hoje não preciso de ouvir as tuas músicas para adormecer, nem sentir os teus braços para parar de tremer. hoje não preciso de ti

Não venhas hoje... Volta amanha...

amanha será só outro dia, igual a ontem, diferente de hoje, porque hoje não volta mais. deixa-me viver sozinha, hoje, já que sei hoje ser capaz mas

Volta amanha...

para me testares outra vez. hoje estou só a espera que chegues amanha e, por isso sou forte, por isso aguento.

Ate amanha, querido.

Angel


Spend all your time waitin'
For that second chance;
The break that would make it okay.
There's always some reason
To feel not good enough
And it's hard at the end of the day.

I need some distraction.
Oh, beautiful release.
Memories seep through my veins
That may be empty,
Oh, and weightless and maybe
I'll find some peace tonight.

I'm in the arms of the angel.
Fly away from here.
From this dark, cold hotel room
And the endless nights that you fear.
You were born from the wreckage
Of your silent reverie.
You're in the arms of the angel.
May you find some comfort here.

So tired of the straight line
And everywhere you turn
There's vultures and thieves at your back.
The storm keeps on twistin'.
Keep on buildin' the life
That you make up for all that you lack.

Don't make no difference.
Escape one last time.
It's easier to believe
Then this sweet madness.
Oh, this glorious sadness
That brings me to my knees.

In the arms of the angel.
Fly away from here.
From this dark, cold hotel room
And the endless nights that you fear.
You were born from the wreckage
Of your silent reverie.
You're in the arms of the angel.
May you find some comfort here.

You're in the arms of the angel.
May you find some comfort here.
Sarah McLaughlin

19/12/2004


Deus fez-nos assim... não temos o poder de alterar o mundo nem de voltar atrás, não podemos parar o tempo nem adivinhar o futuro!! A vida já é difícil por si só, facilitemos. Vivamos em paz! Sólidos como rochas e aventureiros como o mar...

18/12/2004

Belive...



Sou uma crente por natureza.
Creio em um só Deus, senhor de todos os reinos, dono de todos os homens, creio neste Deus como espírito, como consciência e, assim, acredito na bondade de todos e num mundo melhor. Não esse deus que crucificou o filho, não vou discutir a existência deste senhor. Um outro deus, um que não tem nome, muito menos filho, chamar-lhe-ei de Meu Amigo, esse que esta em todos nós, não para nos julgar, mas para nos orientar. Aquele que não faz milagres, mas que permite que nós próprios os façamos. Um que nos torna em seres divinos, em tudo semelhantes.
Creio nas diferenças como virtudes e como portadoras de mil e uma chaves para mil e uma portas, onde tudo se encaixa.
Creio no bom e no bom, sem maldade nem má intenção. Creio no bom pelo bom, sem espera de qualquer recompensa. Creio no bom bom, com roço, amor e sexo…
Creio no que o cego vê e no que o surdo ouve, tanto como no que o mudo diz.
Creio no que dizes ser, mais do que aquilo que és.
Creio no destino traçado… por ti a cada passo.
Creio no mistério resolvido, e no ladrão apanhado, creio na presa morta e no predador cansado, creio naquilo que mexe e naquilo que é mexido mais do que aquilo que esta quieto.
Creio no espírito, nos fantasmas e nas almas penadas, ou pelo o menos eles acreditam em mim.
Creio na Terra e no céu, no sol e não lua, na vida e na vida…
E da morte só espero moradia quando já nada disto me restar.

Coisas que aprendi a acreditar mesmo antes de aprender a falar. Coisas que não posso negar. Inato, ou semi-inato, escrito na tábua rasa de uma criança de meses, tão lá no principio que hoje ninguém sabe onde apagar.

Grito


o sentido da vida está nas palavras que não sabemos pronunciar, mas o seu verdadeiro valor esta nos sentimentos que não sabemos demonstrar

Ainda hoje permanece ao fim da tarde a fazer me companhia. Quando já ninguém me consegue aturar, ele permanece. E são estes momentos que trazem saudade, e que afastam a amargura dos dias. São estes momentos que nos fazem lembrar que respirar é tão pouco mas tão fundamental como amar. São estes momentos que nos fazem crescer e chegar um dia aqui, ao transbordar dos sentimentos, ao mais puro dos sentidos.

17/12/2004

Do Avesso


E é das cinzas que renasce a Fénix,
Da tristeza que se conhece a alegria,
Do ódio que se valoriza o amor,
É nos desencontros que nos achamos,
É nos pesadelos que sonhamos,
É na escuridão da noite que somos luz;
Como tudo, num mundo ao contrario
O avesso é o nosso fundo,
E vamos bem fundo,
Ao fim do mundo.
Onde nos perdemos para sermos encontrados,
Onde choramos para sermos consolados,
Onde berramos para sermos apaziguados,
Onde renascemos para sermos usados;
Num mundo ao contrario
Onde o avesso é mais perto,
E mais sincero,
Mais certo,
Num mundo de sonhos terríveis,
E pesadelos concebíveis,
Num mundo de tempestades tropicais,
E de chuvas quentes e salgadas,
Num mundo de lágrimas atravessadas;
Como tudo, num mundo ao contrario
O avesso é mais perfeito,
O escuro da luz
Onde me deito no teu peito.

E vamos mais fundo
Ao avesso do mundo,
Ao poço das lamentações,
De aguas lavadas de corações,
De lágrimas salgadas de saudade,
De certo, de verdade!
Caímos bem fundo
No poço,
No fim do mundo.



No Se Mañana



De algo estoy segura
Hoy no siento lo mismo
A veces dudo si mi corazón
Te ha hecho caer en un oscuro abismo
De algo estoy segura
Ya no eres el fantasma
Que me rondaba haciendo un callejón
Cada segundo donde te pensaba

No siento la llamada de tu piel
Ya no termino con la piel en llamas
No sé mañana, sé de hoy y

Hoy no es amor, no es ternura
No es odio, ni amargura
Hoy he salido de ti, bordeando la locura
Hoy no es pasión lo que siento
No es pena, ni tormento
Hoy he salido de ti y entre lágrimas
vi romperse el firmamento

De algo estoy segura
No sabes lo que sientes
Pero no quieres que me lleve el mar
Por si me pierdes entre la corriente
De algo estoy segura
Lo nuestro está en tus sueños
Y tienes miedo a hacerlos realidad
Por si descubres que así no te quiero

No siento ganas de luchar por ti
Ya no me dejas a morir por dentro

Te dejo la llamada de mi piel
Mientras decides sí o no te dejo
Y no te miento, sé que siento que

Hoy no es amor, no es ternura...
Rosana Arbelo

16/12/2004

Lua


Hoje resolvi falar da Lua, ou melhor, ontem a Lua resolveu falar comigo e, hoje eu resolvi contar os segredos que ela me contou. Eu também não acreditaria no que acabei de escrever se nao tivesse sido eu a escrever. E provavelmente não teria ouvido a Lua se não estivesse calada e, por tanto não sei como vos dizer que falei com ela, se eu ao falar não a ouviria. Sim! Quando estamos preocupados em falar, os ouvidos só nos dão ouvidos a nós. O que não é de estranhar, já que os ouvidos são nossos.
É nisto que a escrita ganha pontos, se a Lua me tivesse escrito uma carta provavelmente seria mais fácil de a perceber e, seria mais fácil provar a minha inocencia. Ouvimos melhor as palavras que nos são escritas. Pelo o menos ouvimo-las sempre que quisermos.

Mas a Lua não se deu ao trabalho de me escrever uma carta. Alias, nem me acredito que a Lua saiba escrever. Mas ate ontem também não me acreditava que ela falava.

Não vou contar palavra por palavra o que ela me disse. Mas vou vos explicar o porque da minha preocupação.

Se alguem optar por se distanciar, por se manter a observar, por andar as voltas e voltas sem resolver nada. Se alguem preferir apagar a luz e viver da luz dos outros. Se alguem decidir criar um mundo so dele, para mais ninguem chegar. Que direito têm os outros de invadirem esse mundo? Que direito têm os outros de tentar estar cada vez mais perto? Que direito têm os outros de lhe tentar descubrir os segredos?
Largem a Lua! Deixem-a em paz! Ela só quer sofrer sozinha as magoas de todos os sentimentos. Ela só quer viver sozinha! Ela só quer não cair na asneira de se apaixonar pelo Sol, outra vez. Ela só quer viver pacificamente, pois sabe que amando loucamente nunca vai ter paz nem calmia. Ela prefere ver a vida a passar num mundo distante e saber que podia ser assim com ela também. Ela prefere não arriscar! E quem somos nos para a julgarmos? Já todos desistimos... Já todos morremos. A lua ao menos continua viva e, mesmo sem viver mantem vivos os sentimentos que nós matamos. Porque, infelizmente, não sabemos guardar os sentimentos. Somos de extremos. Ou os vivemos ou os matamos. A lua sabe guarda-los e, para não os matar, afasta-se com eles. Deixem a Lua em paz! Ela só esta a tentar preservar aquilo que matamos em cada beijo.




Já que não posso viajar para a Lua e, ficar lá a olhar para ti. Já que não posso fingir que estou distante. Já que, como todos os mortais, não sei guardar os sentimentos, sobra me a hipotese de te matar dentro de mim... Volto a vulgaridade do Homem. Faço como todos. Perco as asas e esqueço a Lua.

Escuridão (vai por mim)


Não estou com grande disposição
p'ra outra enorme discussão
tu dizes que agora é de vez
fico a pensar nos porquês
nós ambos temos opiniões
fraquezas nos corações
as lágrimas cheias de sal
não lavam o nosso mal

e eu só quero ver-te rir feliz

dar cambalhotas no lençol
mas torces o nariz e lá se vai o sol

dizes vermelho, respondo azul
se vais para norte, vou para sul
mas tenho de te convencer
que, às vezes, também posso...

ter razao!
tambem mereço ter razão
vai por mim
sou capaz de te mostrar a luz
e depois regressamos os dois
à escuridão

se eu telefono, estás a falar
ou pesas que é p'ra resmungar
mas quando queres saber de mim
transformas-te em querubim
quero ir para a cama e tu queres sair
se quero beijos, queres dormir
se te apatece conversar
eu estou numa de meditar

e tu só queres ver-me rir feliz
dar cambalhotas no lençol
mas torço o meu nariz e lá se vai o sol

dizes que sou chato e rezingão
se digo sim, dizes não
como é que te vou convencer
que, às vezes, também podes...

ter razão!
também mereces ter razão
vai por mim
és capaz de me mostrar a luz
e depois regressamos os dois
à escuridão

Atenção!
os dois podemos ter razão
vai por mim
há momentos em que se faz luz
e depois regressamos os dois
à escuridão


Jorge Palma

15/12/2004


Tens o mar nos teus olhos e, os meus só querem mergulhar nos teus...


LinkWithin

Related Posts with Thumbnails