29/07/2005

Deveria haver uma forma certa para se dizer adeus. Sem magoar. Sem puxar lágrimas.
Deveria haver uma formula qualquer anti-sofrimento.

Mas não há…
E por isso sei que mais uma vez o meu caminho são lágrimas deixadas para trás. São passos não pensados, que trazem a dor agarrada.
É sempre assim quando escolho partir.
E hoje escolho partir, para poder um dia voltar.
Ainda tenho muito para dizer, muitas palavras para escrever, muitas lágrimas para chorar, aqui. Ainda tenho promessas para cumprir. Abraços para dar. Sorrisos para distribuir. Ainda tenho muito de mim para dar, aqui.
Por isso hoje decidi partir com a vontade toda de voltar.




Esperas por mim?

24/07/2005

Dizer-te não

quero deixar de ver estrelinhas onde só há nevoeiro
quero deixar de desenhar corações com os dedos no teu corpo
quero deixar de sonhar com os pesadelos do amanhã

quero dizer-te que não

deixou de haver espaço para mim debaixo dos teus pés
larguei as asas para te acompanhar, num passo incerto que não me levou a lado nenhum
abandonei o tempo para deixar de não ter tempo para ti, ou para esperar por ti

sei agora que tudo foi em vão. sei que afinal eu nem te queria tanto assim, porque não se pode querer o que já se tem, eras meu por imposição da vida, dos caminhos, por imposição divina, de quem não vê por dentro de nós
larguei as asas para te acompanhar, num caminho sem fim que eu afinal nem queria percorrer
fui tua. Sim fui tua. quis ser tua por saber que não seria para sempre. quis acreditar que seria para sempre. Apesar de não ser sempre.

Não conseguimos cantar juntos. Nem dançar juntos

quero dizer-te que não

já não há inevitabilidade que nos junte, já não há horas certas, nem caminhos de encontros, já não há futuro, nem coisa nenhuma que se pinte de sol. De nós aqui restamos nós. Eu e tu. Sem planos. Nem desejos. Nem coisas bonitas para se dizer. Sem olhares. Sem compassos certos. Sem banda sonora. Eu e tu.

Separa-nos agora o tempo que se esgotou. Separa-nos as lágrimas que nunca foste capaz de chorar. Aquelas que eu chorei por ti. Separa-nos os sorrisos todos que queremos guardar. Separa-nos um oceano de prazeres, que já não desejamos. Separa-nos um compasso trocado e um passo errado.

Não sei qual de nós escolheu o fim. Nem porque nos apeteceu tanto não sofrer.

Sei, como sei o Sol, que nos separa qualquer coisa que nunca mais nos pode juntar. Separa-nos o fim de nós no esgotamento natural dos sentimentos. No esvaziar das palavras sem sentido.

chega de coisas bonitas
chega de promessas perdidas
chega de ouvidos vazios
chega de nos inventarmos quando afinal nem nos queríamos
chega de beijos em troca de fingirmos desejos

o meu caminho não é por aqui e sei que o teu passa por uma lagoa azul lá na terra do sol.
o meu é mais céu.


Voltou a colocar as asas.
Percebeu que nunca é tarde para se tentar mais uma vez.
Subiu a uma rocha pendente sobre o mar.
Respirou fundo.
Abriu as asas…


…E voou


é assim que me quero amanha. De asas abertas. De olhos no mar. de sonhos vazios para poder voltar a acreditar no amor. Só longe de ti, querido. Só longe de ti posso voltar a amar.

… E voar

E dizer-te não só mais uma vez… A última vez…


Da Weasel - Força

Tás a sentir
Uma página de história
Um pedaço da tua glória
Que vai passar breve memória
Tamos no pico do verão mas chove
Por todo o lado
Levo uma de cada
Já tou bem aviado
Cuspo directo no caderno
Rimas saídas do inferno
Que passei à tua pala
Num tempo que pareceu eterno
Tou de cara lavada
Tenho a casa arrumada
Lembrança apagada
Duma vida quase lixada


Passeio na praia
Atacado pelos clones
São tantos iguais
Sem contar com os silicones
Olho para o céu
Mas toda a gente foi de férias
Apetece-me gritar
Até rebentar as artérias


(Respiro fundo)
E lembro-me da força
(Guardo dentro do meu corpo)
Espero que ela ouça

Todo o amor deste mundo
Perdido num segundo
Todo o riso transformado
Num olhar apagado
Toda a fúria de viver
Afastada do meu ser
(Cansado de viver)
Até que um dia acordei
(E logo desesperei)
Vi que estava a perder
Toda a força que cresceu
Na vida que deus me deu
A vontade de gritar bem alto:
"O MEU AMOR MORREU"

Todo o mundo há-de ouvir
Todo o mundo há-de sentir
Tenho a força de mil homens
Para o que há de vir


Flashback instantâneo
Prazer momentâneo
Penso e digo até
Que bate duro
No meu crânio
Toda a dor
Toda a raiva
Todo o ciúme
Toda a luta
Toda a mágoa e pesar
Toda a lágrima enxuta
Odiando como posso
Não posso encher a cabeça
Não há dinheiro
Nem vontade
Ou amor que o mereça
Não vou pensar de novo,
Vou-me pôr novo
Neste dia novo
Estreio um coração novo

Visto-me de branco
Bem alegre no meu luto
Saio para a rua
Mais contente que um puto
Acredita que custou
Mas finalmente passou

No final do dia
Foi só isto que restou


Todo o amor deste mundo
Perdido num segundo
Todo o riso transformado
Num olhar apagado
Toda a fúria de viver
Afastada do meu ser
Até que um dia acordei
E vi que estava a perder
Toda a força que cresceu
Na vida que deus me deu
A vontade de gritar bem alto:
"O MEU AMOR MORREU"
Todo o mundo há-de ouvir
Todo o mundo há-de sentir
Tenho a força de mil homens
Para o que há de vir
Vai haver um outro alguém
Que me ame e trate bem

Vai haver um outro alguém
Que me ouça também
Vai haver um outro alguém
Que faça valer a pena
Vai haver um outro alguém
Que me cante este poema
"

19/07/2005

Eternas poesias... Eternas melodias

Há momentos que se querem eternos.
Há momentos que se querem eternos por serem eternas poesias. Eternas melodias.

Sei que nada se repete, que nada se promete. Mas há momentos que se querem eternos, como se as pessoas fossem eternas, ou como se os dias o fossem por si só… eternos.

Eternas são as teias que arquitectamos para nos prendermos [ou para nos perdermos]

E se não te sei guardar para sempre naquele sítio, naquela hora, naquele momento, que te guarde para sempre no lugar dos segredos, no lugar de todos os enredos.

Que faça da tua memoria uma nova melodia, com todos os compassos adiantados.
Que faça do teu corpo um desenho meu, com todos os traços errados.
Que faça da tua alma uma nova poesia, com todos os versos trocados.

Que se faça silencio quando a minha banda sonora é o bater do teu coração… A mais bela de todas as melodias.

A eterna melodia da vida que há em ti…

A mais doce…

A mais justa…
A mais sincera…


Poupa as palavras e deixa o teu coração me embalar…
Em momentos que se querem eternos por serem eternas poesias. Eternas melodias.

E deixa-me sonhar…

18/07/2005

Um dia eu cresço

É deste vazio sombrio onde me fecho que me abro. É daqui, onde não me vejo, que me consigo escrever.
É desta noite sem luar. Deste ar de verão. Deste céu nu de preconceitos. É deste cheiro a mar. Ou então não é de nada disto e sou só eu a delirar.
É de qualquer coisa de dentro de mim que já não me cabe. Ou já não me serve. É do rebentamento de uma onda, de dentro para fora, como no mar. Uma onda de mim.
É daqui que vos escrevo. De dentro de mim, onde não me consigo ver, mas me sinto demais. Tanto que já não me chego.

Não há papel que me cale agora que tenho as mãos vazias.

Sei que qualquer que seja o meu caminho dificilmente será o caminho certo. Isto porque sei que nasci para errar. Não por ser humana, mas por ser erradamente sentimental.
Sei que o meu caminho não tem fim. Que é uma busca constante.
Sei que não sei parar.
Sei que qualquer perfeição é facilmente substituída por outra perfeição maior.
Sei que os sonhos se tornam pesadelos depois de realizados.
Sei que tenho asas nos pés, e que não sei voar.
Sei que sempre que estiver bem vou procurar estar melhor.
Sei que normalmente esta busca me corre mal, sei que tropeço, sei que me arrependo, sei que vou deixando sempre para trás parte de mim, mas nunca sei o caminho para voltar.

… Sei que um dia me arrependo…
Mas hoje é só mais um último dia.

Sei que não consigo evitar. E que vou sempre partir quando quiser ficar.
Sei que um dia me canso. Sei que um dia me aborreço e cresço.

Meu desejo é morrer na paz do teu beijo, sem futuro é lutar por um beijo mais puro

15/07/2005

Se me perdi tantas vezes
Era porque ainda me precisava de achar
Se ainda não me achei
Não me precisas de procurar
Se me perdi tantas vezes
É porque andei tantas vezes a tua procura
Se não te achei
É porque ainda te vou encontrar
Se me vires desesperar, desanimar
Se me vires perdida e a chorar
Podes fazer de conta que não me viste
Enquanto estiver perdida
Não serei tua
Nem minha
Nem de ninguém que me saiba amar
Enquanto estiver perdida
Serei uma casca
Vazia
Quando me achar
Quando te achar
Quando nos achar
Juntos
Num nós bem nosso
Podes largar as amarras dos barcos todos
Podes fazer tocar os sinos todos
Podes subir aos montes todos
Podes libertar os sonhos todos
Quando me achar
Quando te achar
Quando nos achar
Juntos
Num nós bem nosso
Juro não me perder mais
E quebro a promessa no minuto seguinte
E perco-me…
Para sempre
…Nos teus braços


Meus sonhos os teus serão
Teus sonhos os meus serão

11/07/2005

Quem és tu de novo?

Não sei o teu cheiro, nem perguntei o teu nome no dia que chegaste com pressa. Sem pressa de sair.
Não voltaste, porque no fundo nunca chegaste a partir.
E se nunca partiste… Se nunca voltaste… Não sei porque me parece sempre ser a primeira vez que te vejo quando chegas entre as sombras e a luz do sol.
É como se fosses novo todos os dias. Como se o Sol fosse teu. Como se o Mundo girasse no compasso do teu passo. Tu não entendes…
Não te amo para sempre. Porque amanhã sei que te vou trocar por ti.
Vou me voltar a apaixonar. Vou voltar a sonhar. Vais me ensinar a voar. Fazes isso todos os dias e todos os dias começamos de um zero mais à frente.
É como se a descontinuidade de nós nos fizesse mais certos. Mais nossos. É como se nos entregássemos de novo todos os dias, como se ainda nada tivéssemos trocado. É como se fossemos sempre iguais na nossa desigualdade. Como se tudo fosse nosso sempre pela primeira vez.
Conhecemo-nos em cada encontro. E nunca te perguntei o nome. Nunca te decorei o cheiro, porque sei que amanhã vens diferente e eu tenho de estar de portas abertas para me apaixonar por ti.
Podes voltar amanhã.
Tu não voltas. Renovas-te. E apareces. E eu apaixono-me e peço sempre para não partires. E tu não partes mas nunca ficas.
Não me vou apaixonar por ti para sempre.
Mas vou sempre apaixonar-me por ti.



Jorge Palma – Quem és tu de novo?
Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta?
Quem és tu, na imensidão do deslumbre?

As redes são passageiras, as arquitecturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga

Quando o tecto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor, diz-me que és alguém, de novo?

07/07/2005

E morrer por ser preciso, nunca por chegar ao fim

A vida é uma corrida contra o tempo. Quando percebemos que ganhamos alguma coisa já a gastamos, ou já a perdemos. Quando percebemos que ganhamos uma batalha, já se deu inicio a outra.
Há pouco tempo para perder tempo. Ou nenhum. Há pouco tempo para pensar no tempo que temos. E não temos tempo para nada, porque perdemos sempre tempo em tudo.
E de um momento para o outro, em escassos segundos, uma mão e uma lâmina, uns olhos vorazes e um coração frio, de quem já não sabe mais amar.

Parei os relógios todos do mundo. Como se o mundo não fosse acabar amanha. Ninguém me disse a hora certa do holocausto, mas sei que é próxima.
Por isso parei os relógios todos do mundo. Para ter tempo de me imortalizar.
Vou espalhar-me no mundo, em lágrimas escorridas de verdade.
Eu morro.
E morro aqui, numa hora qualquer. Num desejo desconexo de alguém me ver morrer pelo prazer do meu sangue. Imortalizo-me na hora da minha morte. Entro nas vísceras do meu assassino e por lá morro devagar. Numa imortalidade lenta de mim.
A minha morte será a minha salvação. E vem da mão de quem não me sabe odiar.
Vejo a lâmina afiada. Vejo o tempo parado e nem assim vejo tempo para mim.
Sei que não me arrependo. Sei que vou morrer da maneira certa. A mais amada de todas. E nas mãos de quem já não me sabe amar nem odiar. Deveria ter raiva? Não tenho. É assim que o meu maior inimigo me oferece a purificação da alma e vou ser eterna nas veias dele, quando ele satisfizer o seu desejo mórbido de me sugar o sangue. Terá assim a minha alma liberdade para voar…

E não, não é preciso ter corpo para ter asas, nem asas para voar. É preciso ter a liberdade de todos os sonhos e de todas as mortes apontadas pela hora em que o sol se junta ao mar.
Morremos todos os dias pela mão de quem amamos, numa entrega incondicional que nos imortaliza e nos faz voar.

Que me perceba quem já morreu em noites sem horas… Quem morre todos os dias…

“E morrer por ser preciso, nunca por chegar ao fim”

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