25/10/2005

Disse que morria quando nos visse morrer...
Ainda não morri e já não sei de nós. Disse tanta coisa que agora não importa que pouco há para dizer.

Não nos vi morrer, porque não morre o que não tem vida. E nós, hoje sei, nunca passamos de um nós inventado no desespero de nos tornarmos reais. Hoje alegro-me por nunca termos passado disto, de um sonho, de uma vontade inutil de existencia, por necessidade, por conforto, por nos acharmos perfeitos de tão imperfeitos que sempre fomos.
Hoje sei. E fico feliz por te ver longe. Por te ter longe. Por não te querer perto.

Hoje escrevo, porque já não sinto. E escrevo o que quis sentir.
Hoje invento um pouco mais da nossa história por saber que o fim já passou e que eu já nem me importo com isso.


Vi-te por lá, onde as gaivotas desenham corações e cantam ao vento as suas canções. Ias sozinho e eu não te parei. Ias sozinho e sorrias muito. Aprendeste a voar sozinho a ser feliz sozinho. E eu fiquei feliz. Por conseguirmos, finalmente, atingir a felicidade. Sem histórias. Sem desejos. Ias sozinho... A sorrir muito.
Não me viste, já não me ves mais. Ias com os sonhos todos nos olhos. Talvez por isso não me tenhas visto, porque eu já não faço parte desses sonhos e já não me importo, nem um pouco.
O ceu está muito azul, e o vento sopra fraco e nós voamos no mesmo ceu, na mesma felicidade com sonhos diferentes, com caminhos diferentes.
Somos finalmente livres das histórias que inventamos. Livres de nós. Somos finalmente nós. Eu e tu. Sem ligação, nem vontade nenhuma de cairmos outra vez no erro de nos querermos.


Vi-te por lá, sorrias muito e trazias os sonhos todos amarrados nos olhos.
Eu ia por lá... Mais minha que nunca.
Feliz...

17/10/2005

Lembram-me mil músicas e refrões para exprimir o que sinto a cada dia, sempre tentei ter uma música para cada momento, tornar eterno o irrepetivel e passageiro o que me faz sofrer...
Hoje só ouço uma, que me agonia e faz sentir frágil( doce palma, nem tu), q me inferniza e não me deixa pensar, agir ou mudar...
parece a valsa de um homem carente, uma feiticeira ou uma qualquer outra escrita por uma chaga....
Fogem os verbos e as metáforas, rendo-me ao teclado e escrevo de dentro d uma alma, não vai ser lindo, poético ou carinhoso e terno. Apenas o partilhar com alguém o que nem sei ser meu...
A cada momento relembro uma frase de um refrão, aquela frase, aquele refrão...
Disse em tempos que queria ter sido eu a inventar essa frase, que era a melhor de todas, uma alma nua.
Agora na solidão em que me encontro so queria que ela não existisse para eu não a querer ter inventado, fura-me as entranhas, sei que a vou escrever no fim do texto e por isso o alongo interminavelmente para não ter que a escrever...
Porquê palma???
porque tens que ter sempre razão?
Podia ser o só ou a fragil, o jeremias ou o tempo dos assassinos.....
podia não ser e seria bem mais facil, menos doloroso, mais conveniente...
parei 5 minutos para um cigarro ouvindo a mesmo infernizante música, ela não vai embora ao contrário de quem amo, a ela não a desiluso ou magoo, não me diz que tou errado ou faz pensar que estou certo,
ÑÃO LHE MINTO....
parei 15 minutos, pa conversar com um colega que nada sabe, só a música sabe, só ela me conhece neste momento, só ela e tu...
Mas a ti não te tenho e ela não me larga...
PARA NUNCA MAIS TENTAR MENTIR....

12/10/2005

Emaranhado de mim

Selei num segredo os momentos todos do mundo. Guardei por lá as horas certas. Os beijos. As promessas. Num segredo que murmurei ao vento em tom de brincadeira.
Chovia. Chovia muito e o céu era muito cinzento. Decidi que era hora. E embrulhei-me toda em palavras. Fiz um segredo do tamanho do mundo e contei-me ao vento. Ninguém ouviu. A chuva era forte. E o meu grito foi abafado pelos sons do mundo. Gritei baixinho. Gritei muito. Gritei muito alto.
Nada.

Embrulhei-me num segredo que ninguém ouve, que ninguém quer saber. E agora vejo-me fechada em mim. A tropeçar nas linhas que inventei. Cheia de enredos e de histórias encantadas que eu não vivi.
Vejo-me por cá. Longe do mundo, longe de mim. Num segredo que me apaga aos poucos e que já não sei confessar. Perdi as forças para gritar. Ou então perdi a vontade de me mostrar.
Eventualmente ninguém me quer saber.
Por isso, hoje, sou só eu neste meu segredo, estúpido, cheio de mim que me apaga aos poucos e que me faz menos eu.

Um dia tropeço em mim, num canto qualquer onde fiquei a dançar numa balada sem fim, e fico por lá, no sítio dos segredos a ver-me dançar. Ate ao amanhecer, ou o resto da vida. E esqueço-me de mim, do que fiz de mim… Do que quiseram fazer de mim.

É fácil viver a sonhar, com os pés longe do chão frio…
Alegremente livres… Tristemente sós…

08/10/2005

Tipo folha... Tipo nada

Sinto-me, indiscutivelmente, inútil. Como as folhas, afinal, que cansadas do verão se deixam cair no chão. É tipo folha mesmo. Em queda permanente. Em voo descontinuo, marcado pela bondade do vento. Tipo folha. Seca. Quase morta.
Não que sofra de algum mal indubitavelmente sério. Ou de um qualquer mal banal. Não sofro de nada. Desaprendi de sofrer… E, drasticamente, desaprendi de sorrir. Foi inevitável a anulação dos sentidos. A quase anulação de mim. A quase total anulação de mim. Pouco importo. Desaprendi de sofrer e por isso hoje sou inútil e não sofro por tal.
Sou folha, seca, quase morta, em queda permanente. Eventualmente nem sou nada disto, porque as folhas não são assim tão inúteis como eu.

E eu sonho. E não vejo as folhas a sonhar. Não que alguma vez alguém me veja a sonhar. Mas eu sonho. Juro que sonho. E sonho muito
Mas sou inútil. Os sonhos são inúteis… E as noites em branco também.

Tipo folha que voa ate cair ao chão.
E morro devagar numa queda permanente a que os optimistas chamam de voar. Ate ao dia em que bato duro no chão e perco de vez os sentidos e deixo de sentir que sou inútil.
No dia em que os sonhos acabam.
E deixo de ser tipo folha e passo a ser tipo nada…

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