27/05/2005

Não me arrependo, meu amor, não me arrependo, mas que eu aprendo podes crer que eu aprendo.



Os dias todos iguais, com cheiros sempre diferentes, os olhares todos trocados de quem bebe palavras trazidas pelo vento. As mãos sempre vazias, cansadas de procurar um apoio, sujas de lamber tanto chão, queimadas pelo sol dos dias todos que não foram vividos. As esperas inúteis e apressadas. Tu não voltas…
O chão sempre igual, sem segurança. Frio, húmido e sombrio. E a terra abre-se em fendas despropositadas, em quedas desequilibradas até ao fundo das fendas sem fundo. Em noites sem lua e dias sem sol, em horas apontadas, marcadas, desenhadas para serem vividas da forma que não as vivemos.
O Sol explode no meu olhar, a terra rebenta dentro de mim, a lua arde no alto do céu.
É fogo a agua que há em mim.
É queda cada passo incerto inventado para te encontrar. Tu não voltas…
E se não voltas porque é espera cada segundo que vivo? Porque será que vejo as horas correrem ao contrário? A demência das horas ausentes.

[...]

E ela ficou lá numa rocha qualquer ali encalhada. Olhou o mar e partiu…
A voar…

[...]

Tu não voltas... e eu já não te espero, meu amor.

23/05/2005

Se decidires partir

Se tiveres de partir escolhe um dia de nevoeiro,
ou esconde-te atrás do fumo da fogueira onde queimaremos as cartas que não escrevemos,
as fotografias que não tiramos e os abraços que prometemos (Sim, queimam-se abraços, todos os dias, junto das promessas).
Se tiveres de partir, parte.
Não precisas de desculpa nem motivo, parte só, num silêncio estúpido que eu não perceba.
Parte sem jeito, e com a mesma pressa que chegaste.
Se tiveres de partir, escolhe partir por ti.
E se não souberes escolher o dia deixa que eu escolha por ti.
Parte com a determinação de quem não volta, nem que seja para voltar.
E se ao caminhares para longe te der aquele aperto no coração lembra-te que já partiste e que todos os passos contrários seriam voltar, e tu nunca voltas quando sabes que partiste.
Mesmo que saibas que eu espero e mesmo por saberes que eu espero que voltes.
Não voltes.
E se voltares que não seja para mim, nem por mim, nem por ti porque tu não és egoísta.
Que voltes pelo sol daqui, pelas estrelas que baptizamos, pela lua que pousou nua sobre o mar só para nós.
Que voltes… Mas não fiques.

…Se decidires partir…

06/05/2005

Encontros como sempre

Já não te via há alguns anos. Estas igual, igual a sempre. Gostei de te ver, como sempre. Já não sei bem de que falamos, mas aposto que tivemos as conversas de sempre, os risos sempre iguais aos de sempre. Aposto que me empurraste uma ou duas vezes com as mãos, como sempre fazias quando querias que me chegasse a ti. Lembro-me do abraço que demos, daqueles que damos sempre, apertados, fundos, nossos, sempre só nossos. Sei que me pegaste na mão como se afinal sempre a tivesses segurado. Sei que senti o que sinto sempre, aquilo que sempre vou sentir, para sempre.
É bom ter-te de volta, as vezes, como se fosse para sempre.
Só nós sabemos o sempre que temos…

Dá me a tua mão e vamos ser alguém, a vida é feita para nós

E voltas a sair e eu volto a ficar sozinha... como sempre afinal fico sempre no final...

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