20/01/2008

Não somos cor de rosa.
Não temos estrelinhas nos olhos, nem os pés assentes nas nuvens.
Dizem mal de nós por aí, ouvi dizer que ouviram dizer mal de nós. Importas-te?
Não temos asinhas para voar, nem ouvimos sinos quando damos beijinhos.
Não és o príncipe encantado, nem eu sou princesa ou fada.
Riem-se de nós por aí, ouvi dizer que ouviram rirem-se de nós. Importas-te?


Temos os pés assentes na Terra dura, no chão frio, onde nos deitamos a noite a ver estrelas que caiem do céu, não para nós, mas, para toda a gente.
Temos a pele castanha escura, reflexo de um sol que brilha todos os dias, nos dias que não são nossos, são do mundo.
Viajamos de balão. Ouvimos musica aos berros quando estamos eufóricos, ou muito baixinha quando nos viramos para dentro e procuramos coisas dentro de nós.


Quando me pegas pela mão e me levas para o teu mundo, não há nada la de diferente.
Eu. Tu. O chão frio.
Estrelinhas.
Musica.
Sol
Nuvens.




Ouvi dizer que ha príncipes encantados no mundo das outras meninas.
E que tu não andas por lá...
que sentido terá um mundo sem ti?

15/01/2008

Ficas por cá, ate quando cá já não estás

Se o mundo fosse um pouco mais pequeno, talvez se eu fosse um pouco mais crescida, ou se tu fosses um pouco mais corajoso, tudo fosse um pouco diferente.


Paro de sonhar


Há uma luz, avermelhada pelas cortinas, que me faz manter os olhos fechados e não me deixa dormir.
Acordo com um sabor doce na boca. Estico os braços e não te toco.
Cheira a ti. Cheira a sonho. E é inevitável não te amar.
Sempre com a pressa que me foi destinada, lavo-me de todos os dias do passado. Volto-me nova e vazia para mais um dia.

“Será que o vou reconhecer?”

Todos os dias me pergunto. E nunca duvido.

Quando me cruzo contigo, sinto-te o cheiro, ouço-te ao longe a chamar por uma dessas meninas que te enche o passado. Gostava de te ensinar a lavar a alma e a vida, gostava que percebesses que não se deve viver com o passado. Mas tu não queres aprender. Gostas de trazer o peso do Mundo as costas. E eu já não me importo.

Sei que sou eu que te faço tremer. É a pronunciar o meu nome que a tua voz falha. É quando estas ao meu lado que te foge o chão. Sei que é de mim que ris. Que é por mim que choras.
Sei que a dança da tua vida é ritmada pelo bater do meu coração, nesse compasso aleatório que nos faz chorar de vez em quando.

Sei que tens um segredo e, esse segredo sou eu.

Sei que a noite chegou. Que te vou abraçar como se fosses um presente. Sei que amanha acordo com o teu cheiro. Sem ti.
E sei que não me importo. Porque aprendi a guardar-te dentro de mim.

Ficas por cá, mesmo quando acordo sem ti.



Podes voltar amanha, ou depois, tanto faz.

[Eu voltei hoje, para resgatar o que deixei de mim aqui. Ou para me lembrar de quem era quando por aqui estive. Ou para voltar a encontrar-me, naquilo que fui e, certamente, ainda sou.

A quem por ai ainda estiver. Um beijinho cheio de saudade]

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