15/07/2008

Foi a tua voz


Foi a tua voz. Hoje sei. Demorei tanto tempo a perceber, fascinei-me com tantas coisas do teu mundo, tantas coisas de ti, que perdi a essência do que nos ligou. Hoje sei, foi a tua voz.
Mesmo antes de a dirigires à minha pessoa. Quando te ouvia a falar para os outros, lá longe no teu cantinho. A tua voz doce, terna, forte, meio rouca. A certeza que investias em cada palavra. Foi a tua voz. Quando dizias piadas e, fazias me rir em segredo. Quando falavas para os teus amigos, para as tuas amigas, nunca para mim. Mesmo sem saberes, mesmo sem eu saber, foi a tua voz que me prendeu a ti, logo desde o primeiro minuto.

E depois foi uma dança, de truques e malabarismo para chegar ate ti. Inventei historias, enredos e todo o tipo de coisas para te fixar a atenção em mim. Hoje sei, meu amor, foi a tua voz.

Agora dançamos juntos e as nossas vozes cantam ao mesmo ritmo. Hoje é a tua voz que me embala à noite e me acorda logo pela manha.

Hoje sei, foi a tua voz, meu amor.


"Ride me off into the sunset
Baby, I’m forever yours
It’s the way you love me
It’s a feeling like this
It’s centrifugal motion
It’s perpetual bliss
It’s that pivotal moment
It’s unthinkable
This kiss, this kiss
This kiss, this kiss"

05/07/2008

Seca-me a alma quando me bebes as palavras

E, porque me sinto fragil, sem abrigo

Quando os teus pés caminham ao lado dos meus

Devias ser chão

Mas

És baloiço


Perco o controlo do impulso

Balanças um pouco mais, troçando das minhas certezas

Quando perdermos o chão, caimos os dois




Devias ser queda

Mas

És começo

"I gotta tell you what I'm feelin' inside,
I could lie to myself, but it's true
There's no denying when I look in your eyes,
baby, I'm out of my head over you"

01/07/2008

Estoicismo

Estavas sentado em cima das tuas razões, daquelas que te dão segurança. Teimas em ser certo mesmo quando estás perdido. Ris-te das confusões. És sábio em cada decisão, em cada palavra. Racionalizas os sentimentos, as paixões.
És um banco de pedra, um porto seguro, uma estaca, uma ancora.
Tomaste a liberdade de ser pouco livre e de viver condicionado ao que te é conhecido. Não procuras grandes aventuras, desfrutas o que a natureza te dá. Não corres depressa de mais, não esperas tempo de mais, não segues caminho sem certeza do sentido. Não te apaixonas por aquilo que ainda não cativaste.

Estavas sentado em cima das tuas razões. Rodeado daquilo que conheces. No conforto das coisas que te fazem sentir seguro. Perdeste-te um pouco nas tuas certezas, sentaste-te lá naquele banco de razoes, à espera que o caminho ganhasse contornos definidos, para poderes avançar. És assim.
Estóico.

Mantinhas a tua habitual calma e o teu rosto marcado de saberes. As mãos firmes sobre as pernas rectas. Uma aparência daquilo que te tornaste aos poucos, quando tomaste a liberdade de deixar de ser livre.

Quando passei por lá e, me sentei ao teu lado, vi o teu mundo tremer.
Abalei as tuas certezas.

Um dia vais abandonar as tuas razões. Vais esquecer o que te define
E vais correr... Depressa de mais,
hás-de cair e, aprender a apreciar o acto de reerguer. Vais seguir um caminho qualquer pouco certo, em busca de algo que te devolva a vida.
Um dia vou desamarrar-te de ti e levar-te comigo

Há um mundo, pouco racional, cheio de tantas outras coisas, que te quero mostrar

Vais abandonar as tuas razões, as tuas certezas, vais voltar-te indefinido.
Eu mostro-te o caminho.

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