07/04/2009

(Depois d)O Fim


Estavas enganado, o som que se ouvia ao longe, era da chuva mansa que consolava o chão. Já não era eu sentada do lado de fora do teu quarto a chorar. De todas as vezes que fez frio dentro de nós foste tu que devolveste o calor, foste tu sim, que chegaste e, abriste todas as janelas, foste tu que me mostraste o lado do Sol depois da noite cair. Foste sempre tu, em todos os momentos. Depois de me habituares ao teu lado quente, depois de me desprenderes dos vazios que carregava em mim (e que julgava serem as minhas coisas preciosas), depois de me mostrares ate que ponto um ser humano pode encontrar a felicidade, decidiste desamarrar os nós.
Não te culpo de, no teu caminho, não teres guardado lugar para mim. Não te culpo de teres, naturalmente, crescido. Não te culpo das tuas poucas palavras finais (ou da total ausência delas). Não há culpados nas histórias que não são de encantar. Não há vilões, nem heróis. Não há finais felizes.
Dizem que é loucura contar todos os segundos de um dia, pois eu contei todos os segundos de todos os dias da tua ausência em mim. Ate que me perdi, finalmente. E, nesse dia troquei-te as voltas. Já não sou eu do lado de fora do teu quarto, já não são as minhas lagrimas no meu rosto, já não sou eu, em parte alguma. Perdi-me e, não volto.




...
Neste infinito fim que nos alcançou
guardo uma lágrima vinda do fundo
guardo um sorriso virado para o mundo
guardo um sonho que nunca chegou

...

02/04/2009

Incubação - Fase terminal

Incubas os teus sentimentos dentro de ti. Resguardas as tuas emoções e, controlas todos os movimentos do teu coração. Tomaste a razão como tua amiga e largaste a mão ao amor. Largaste a mão de ti, de mim, do futuro, dos bons dias. Eu sei que choras ainda quando a noite já vai longa e, o sono não te embala como os meus braços o faziam. Eu sei que volta e meia ainda pensas em mim e, já muito raramente ainda pensas em nós. Eu sei que te custa dormir porque não queres sonhar [tens medo de não ter vontade nenhuma de voltar a acordar].
Mas tornaste-te numa incubadora, guardaste dentro de ti tudo o que fui e já não me sabes tirar de lá. Porque é mais longe e fundo o que fica por dentro de nós. Eu sei que o privilegio de ter chegado tão perto do que és, me fez ficar tao longe de quem queres ser. Eu sei que há barreiras que não se quebram. Que há limites que não se ultrapassam. Eu sei que há lugares onde não se pode ir e, há caminhos que não devemos percorrer. Eu sei que do outro lado não há caminho para voltar. E, eu sei que de dentro de ti não há caminhos, nem lugares, nem bancos de jardim para descansar, eu sei que por dentro de ti estamos longe de tudo. E, que de lá – de dentro de nós – jamais iremos sair.
Incubas o nosso amor. E atas devagar os laços que me vão prendendo cada vez mais ao teu fundo, lá perto das coisas do passado. Matas-me em ti, devagar, ao mesmo tempo que me sussurras ao ouvido “tu ficas bem, meu amor”.







Aprende-se a calar a dor,
a ternura, o rubor,
o que sobra de paixão.
Aprende-se a conter o gesto,
a raiva, o protesto,
e há um dia em que a alma
nos rebenta nas mãos.

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