24/01/2011

Mantiveste-me cativa. Mantiveste-me presa, amordaçada. Mantiveste-me fechada em ti. E, eu fui ficando. Fui encolhendo. Fui deixando o tempo passar. Eu deixei de ser eu.
Deixei de ter espaço no meu ser. Deixei de ter as portas abertas. Mantiveste-me fechada e eu fui me fechando. Hoje sou menor. Hoje tenho menos. Poderia continuar a fingir. Podia dizer-te que fico, que não vou partir. Podia te dizer que escolhi ficar. Mas a verdade, a verdade é que já não sei partir. Já não tenho para onde ir. A verdade é que hoje sou mais pequena. Mais frágil. A verdade é que hoje já não sou eu. Já não sou minha. A verdade é que por mais tempo que fique, nunca estarei verdadeiramente aqui. Não estarei em lado nenhum. Hoje sou menos. Hoje sou quase nada e, não estou em lado nenhum.
Eu fico, mais um dia, apenas mais uma noite. Eu fico mas só desta vez. Eu fico quieta, imóvel, frágil, pequena. Eu fico e já não sou minha, nem tua, nem de ninguém. Eu fico e tu ficas feliz.
Manténs-me cativa, presa, amordaçada e fechada em ti. Um dia quando me procurares, debaixo dos teus pés, onde me manténs imóvel, um dia não me vais achar. E não, não fui eu que parti. Apenas desapareci. O que resta de mim já não é o que tu amas. O que sobra do meu ser é uma sombra do que já fui. Sei que nesse dia, quando já for demasiado tarde, vais me deixar sair.

Tens saudades de me ver voar?
Tens saudades de mim?

Quando desaparecer será tarde demais. Não me deixes morrer. Coloca o meu coração no seu lugar. Devolve-me as asas.
Anda, voa comigo.

Não tens saudades de nós?

Anda, podemos continuar. Não me mantenhas presa na tua teia. Solta as amarras. Perde o medo.

Anda, vamos voltar a voar.



"O tempo que não foi tempo não passou
O sonho que se fez pele e se guardou
aqui ficou
Como se fosse sopro, asa, ar, escondeu-se em nós
E no teu olhar
Fica pra sempre um tempo de te amar
Fica pra sempre tanto do que sou"

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