Escrevo sob o fio da navalha, embriagada pela loucura dos sonhos, e sem sonhar acordada. Escrevo em poesia trocada, sobre o heroi e a fada, e sei que de certo não escrevo nada.
Há um barulho de mil lágrimas que se esqueceram de cair e que me rasgam a pele como se fosse delas a vontade louca de ficar. Sou eu. Sou eu que fico, em cada passo atrasado que dou. Sou eu que parto, de asas fechadas.
Sou eu aqui...
As estradas deixaram de ter direcção e os caminhos são aqueles que temos na mão. Não sobra muito, não sobra quase nada, não sobra nada mesmo.
A noite trocou a lua pela escuridão, em gesto de prosa as estrelas pintaram o ceu. O dia esqueceu-se de acordar e, eu meu amor, esqueci-me de sonhar.
Troquei os passos que me esqueci de dar, cantei músicas de embalar. Soltei as amarras das lutas todas que me prendem. Baixei as armas. Destrui muralhas.
Bebi a mais fina gota do teu mel, e sei que agora tudo de mim é teu. Não há passo mais certo que o passo errante dado ao som da música final. Não há palavra mais bela que o meu nome dito pela tua boca. Não ha luz, nem trevas. Não há nada, nem vazio.
Copo, cheio de vida, sem fundo. Gota ancorada no fundo do mar. Gaivota que não sabe voar.
Sou só eu aqui...
Patrícia, seu blog é encantador e inspirador, vc escreve muitíssimo bem, e nessa página, o meio copo de nada me chamou a atenção. Foi o meu preferido.
ResponderEliminarPalavras intensas...fantástico!
Beijos de cristal!!!