27/05/2008

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Faz-te uma certa confusão a minha excessiva preocupação com a normalidade Parecer normal Alias ser de facto normal Assusta-te um pouco os convenientes As virgulas bem colocadas Os pontos finais colocados com primor no final de cada pensamento Assusta-te o silencio do bom senso E as palavras escolhidas a dedo Detestas as frases que me recuso a proferir e os risos que guardo nos lábios Detestas as revistas de moda em que me prendo de manhã Detestas que me levante no autocarro para dar lugar a alguem Detestas quando digo que sim só para não ir contra a maioria normal Não gostas que me prenda neste perfeccionismo inato Não gostas da anormalidade que me concede a minha normalidade Normalmente ficaria zangada por não me aceitares como sou Por não me achares correcta Ficaria chateada irritada exigiria provas do teu amor e da tua lealdade Aquelas coisas que os normais fazem quando estão ofendidos Eu não me ofendo Porque há dias que posso ser anormal e aceitar só porque me apetece que me aches banal Já nem me importo Já não me fere a alma nem me inunda os olhos Quando dizes coisas que não fazem sentido És tu o anormalmente normal que me acha errada só por querer ser as vezes só mais alguem igual aos outros


Hoje não há ponto final paragrafo nem virgula para retomar o folego
Hoje não há pausas na loucura

És fogo perdido

Deixo espaço entre as linhas para guardar lugar para o que sobrar de nós. Quando explodirmos. Quando se der o rebentamento do que somos.
Não sabes, ninguém te explicou, ninguém te contou as histórias de encantar que eu vivi. Não percebes a linguagem e, ficas sempre distante demais para me apreciares a melodia.

És fogo perdido de uma fogueira extinta.

Queimas por dentro aquilo que os outros teimam em banalizar por palavras que alguem decidiu inventar. Ardes. E pegas-me fogo, de dentro para fora. Enlaças-me nos teus braços e não me largas. Manténs a distancia mental que te faz pertencer sempre primeiro a ti e, talvez num dia distante, um pouco a mim. Ofereces-me calor, com um sorriso sincero, só para me fazeres arder. Para me tornares cinza. . Não te chegas nunca a afastar, porque nunca estiveste verdadeiramente perto. És calor exagerado para fogo apagado.

És combustão espontânea.

E não sabes não ser assim. Passivo-agressivo. Ausente-presente. Sincero-maniaco. Meio-menino-meio-crescido.
Ardes por dentro, devagar, lentamente. Sem sofrer. E queimas todos aqueles que ousas tocar.
Deixas um pouco de ti para trás, quando sais de onde nunca estiveste.

És menino-perdido-sincero-agressivo-ausente que perdeu o caminho para casa.

E arde dentro de ti aquilo que ninguém te ensinou a dizer. Há palavras, embora raras, que existem para serem ditas, usadas, abusadas, gastas. Há coisas que se inventaram para serem vividas. E histórias de encantar que acontecem. Tu não sabes menino-fogueira, ninguém te ensinou.
Quando soltares as palavras difíceis, talvez te sossegue o coração.
Um dia, quem sabe, não vens tu enlaçar-me nos teus braços, de uma maneira mais doce e, talvez, murmures ao meu ouvido aquilo que te arde por dentro.
Nesse dia, tenho este espaço entre as linhas para nos guardar por cá. Não precisas de apagar o fogo que há em ti. Mas há espaço cá fora para o que temos dentro de nós.

Um dia vais aprender a dizer


Amo-te

15/05/2008

Sabemos nós o tempo que temos? Sabemos os dias que passaram? Os que foram nossos, e os que foram dos outros? Sabemos das vezes todas que erramos? Que nos enganamos? Das mentiras que contamos? Das mentiras que ouvimos? Sabemos nós quem somos e onde estamos?

Sabemos de que cor pintar os dias, quando os dias são todos iguais?

Houve um sonho, num dia antigo, onde as esperas eram certas, e as pessoas vinham mesmo, quando as chamava. Houve um sonho, num dia passado, onde te vi pela primeira vez. Trazias o coração na mão, apertado com força, como só tu sabes agarrar. Trazias nos olhos um mar de perguntas, de inquietantes duvidas. E os teus passos... Os teus passos certos, sem medo de quedas despropositadas. Era o chão a tua casa.
Houve um sonho, num dia que já não me lembro, onde apareceste e me prendeste, numa teia bem montada. E por lá fiquei, sem perguntas. Os meus pés deixaram de encontrar o chão. E os meus olhos encontraram morada na tua boca. Houve um sonho, num dia cinzento, que tornou o meu mundo melhor, com mais cor.

Sabemos nós o tempo que já vivemos? Sabemos o que nos resta? Sabemos distinguir a realidade dos sonhos?

Sabemos acordar?

Quando chegaste, num sonho meu, num dia passado, jurei que não mais te ia largar. E, hoje, que estou acordada sem saber de que cor pintar os meus dias e se são sonhos as horas que passam, hoje, que não sei quem fui.
Sei que sou tua.
Seja a nossa cor qual for.

Sabemos nós de nós?

Despropositadamente agarrei o teu coração de uma forma menos forte mas mais doce, e pintei te os sonhos da cor do amor. Quando acordamos, lado a lado, não sabíamos onde estávamos, nem para onde íamos.
Sou tua e tu és meu.

Tornaste-me o mundo um pouco melhor.

Sabemos nós estar quando não estamos juntos?
Anjos caídos de asas fechadas.

Fecho os olhos com força e volto a sonhar.


Porque és tu quem me pinta os dias,
quem me torna a vida mais doce,
és tu que vens quando as lagrimas não me largam
é a tua boca que me apazigua a alma.
És tu em mim

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