Ela andava sempre apressada, como se soubesse de cor todos os caminhos que podia tomar, como se o destino fosse uma enorme linha recta. Andava sempre assim e, normalmente, acabava por tropeçar, nos outros e tantas vezes nela própria.
Ele andava perdido, de mãos a abanar cheio de nadas. Tal marinheiro na tempestade. Rumo: Terra. Caminho: Indefinido. Sem pressa. Cheio de certezas de finais felizes.
E ela só queria que por uma só vez ele viesse a correr atrás dela. E que ela não o sentisse, não o ouvisse, não o cheirasse, que ela de forma alguma não o pressentisse. Ela só queria ser tomada de surpresa. E que por uma só vez fosse ele a correr atrás dela. Que a tomasse nos braços, num assalto. E de olhos fechados a beijasse. E que o beijo lhe trouxesse de presente o nome dele, num segredo.
[Sim, meu amor, os beijos têm nomes, de pessoas, e de todos os sentimentos. O teu, revela-te a cada segundo e tem nome de todos os sentimentos. Os bons, os maus, os que nos fazem crescer e ate daqueles que nos fazem ficar muito pequeninos. Os meus lábios só querem provar os teus. A doce amargura que te encerra. E deixar-te provar, por uma só vez, o suave veneno que me inunda.]
Ela só queria ser tomada de assalto. Dançar no ultimo compasso.
Ela só queria ser uma dádiva… Que fosse tomada. Roubada. Resgatada. Só queria que fosse assim. Pela vontade exterior de quem mora, afinal, tão cá dentro.
E na última nota, da banda sonora do momento desejado, ela só queria misturar o veneno com o amargo.
Lindo!
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Abs!