Ainda não morri e já não sei de nós. Disse tanta coisa que agora não importa que pouco há para dizer.
Não nos vi morrer, porque não morre o que não tem vida. E nós, hoje sei, nunca passamos de um nós inventado no desespero de nos tornarmos reais. Hoje alegro-me por nunca termos passado disto, de um sonho, de uma vontade inutil de existencia, por necessidade, por conforto, por nos acharmos perfeitos de tão imperfeitos que sempre fomos.
Hoje sei. E fico feliz por te ver longe. Por te ter longe. Por não te querer perto.
Hoje escrevo, porque já não sinto. E escrevo o que quis sentir.
Hoje invento um pouco mais da nossa história por saber que o fim já passou e que eu já nem me importo com isso.
Vi-te por lá, onde as gaivotas desenham corações e cantam ao vento as suas canções. Ias sozinho e eu não te parei. Ias sozinho e sorrias muito. Aprendeste a voar sozinho a ser feliz sozinho. E eu fiquei feliz. Por conseguirmos, finalmente, atingir a felicidade. Sem histórias. Sem desejos. Ias sozinho... A sorrir muito.
Não me viste, já não me ves mais. Ias com os sonhos todos nos olhos. Talvez por isso não me tenhas visto, porque eu já não faço parte desses sonhos e já não me importo, nem um pouco.
O ceu está muito azul, e o vento sopra fraco e nós voamos no mesmo ceu, na mesma felicidade com sonhos diferentes, com caminhos diferentes.
Somos finalmente livres das histórias que inventamos. Livres de nós. Somos finalmente nós. Eu e tu. Sem ligação, nem vontade nenhuma de cairmos outra vez no erro de nos querermos.
Vi-te por lá, sorrias muito e trazias os sonhos todos amarrados nos olhos.
Eu ia por lá... Mais minha que nunca.
Feliz...
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