22/03/2008

Fala-se de uma tal magia por aí...


Julguei, erradamente, que as palavras eram bengalas. Só uteis para quem não conhece os seus passos, para quem tropeça em mentiras, para quem não sabe onde está nem para onde vai. Julguei que eramos certos, que tinhamos passos firmes, que usavamos bengalas só com os outros. Julguei que eramos desprovidos de artifícios. Que era nua a tua alma perante a minha. Que era nua a minha alma em frente a tua. Julguei que nos aguentavamos, sem bengalas. Que eram fortes as tuas pernas e certos os meus passos. Não me seguiste, não te vi à minha frente nunca. De mãos dadas, lado a lado. Sem bengalas. Sem palavras.
Não sei distinguir o momento exacto em que fraquejamos. Senti-te balançar ao meu lado. Ouve um barulho ensurdecedor, num daqueles momentos em que as coisas acontecem em camara lenta, como nos filmes, vi-te cair, despropositadamente, ao meu lado.
Não sei onde nos perdermos, sei que não foi ali, nem naquele momento. A tua mão já não pedia a minha, a minha já não se estendia para a tua. Não havia acção espontânea que nos ligasse. Acabou-se a sintonia, a melodia ritmada por uma coisa qualquer que não precisamos nunca de cantar. E na tua queda, que se prolongou por demasiado tempo, num sitio que não me recordo agora, perderam-se os passos certos. Os caminhos a direito, sem indicações.
Deixei-te lá, a cair continuamente, sem pedir ajuda, porque não usamos palavras,
não temos bengalas a segurar o nosso amor.

Disseram-me que há grandes amores que acabam assim, quando deixa de haver magia. Que se afastam sem saberem, que quando caiem já nada mais há para reerguer.

Quando voltei, com os passos pouco certos, muito apressados, trazia uma bengala na mão para me amparar.
Já não era eu, despida de artifícios, já não era pura a minha alma. E não me importei de te estender a mão quando me pediste, não me importei de não ser espontâneo o meu acto, nem me importei de ser em desespero o teu pedido. Quando me sentei ao teu lado para discutir os próximos passos, não fiquei triste por já não ser indiscutível o nosso caminho, por não ser certo e sem mapa. Quando nos reerguemos, de bengalas em punho, não me importei de precisar de ajuda, não me importei de te falar disso. Quando todos os passos que se seguiram foram dados de mapa na mão, não fiquei triste por não saber o caminho de cor.

Eu sei que não foi bonito, que não é digno
de uma historia de embalar, sei que não vão falar de nós no futuro, e que as meninas não vão sonhar em ser eu.
Quando te vi cair, não cai contigo. E sempre achei que não saberia seguir este caminho sem ti, mas sei.
Há qualquer coisa em mim, pouco magica, que me faz conter as lagrimas e continuar.
E quando decido voltar é porque quero e não porque estava programado.

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Eu escolhi voltar e tu escolheste dar-me a mão.

Juntos escolhemos o nosso caminho, que agora,

apesar de não ser magico, é nosso.

E a magia, meu amor, somos nós.

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3 comentários:

  1. Já a algum tempo que venho aqui ver as tuas entradas e hoje decidi deixar aqui um comentáriozito.
    Escreves coisas LINDAS. Algumas com qual eu me identifico e outras que apenas aprecio imenso.
    Continua! =)
    E tás de parabéns por todo o teu trabalho. Escreves lindamente.
    Beijo*

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  2. Você escreve lindamente, adorei sua escritas.
    Parbéns
    izil

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  3. oi , chamo-me Patrícia Mota e tenho o teu signo, tenho 25 anos,foi uma amiga que me falou de ti , parabéns pelo blogue e quem sabe se nos vamos falar outra vez ,e sabes... as palavras sao tudo o que as palavras nao conseguem descrever,e nós somos a vontade de tanto querer

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