23/04/2005

Tantos medos. Tantos sonhos. Tantas realidades. Tanto espaço para voar. Tanto chão frio para lamber. Temos sempre coisas a mais para pensar. É esse o nosso mal, não é?
Se só sentisse… Com os olhos, com o nariz, com a boca, com as mãos… Se tudo em mim fosse sentido e não pensado. Era mais fácil. Talvez mais difícil, mas tão mais justo que se tornaria mais fácil.

Se ao ouvir as tuas palavras, ao ler as tuas mensagens, ao provar da tua boca, ao me encostar ao teu corpo só te sentisse… Se não houvesse parte de mim a pensar em cada virgula que usas, em cada pedaço de corpo que beijas, em cada local que aqueces com as mãos. Se não houvesse uma parte de mim, que não sou eu, que me mente, que me finge, que me inventa. Tu sabes que me minto. Minto-me porque de tanto me pensar já não me sei. Tu sabes…

E quando dizes que me queres, que os fantasmas o vento os leva, que és meu, só meu, que me esperas. Quando me dizes a verdade, eu minto-me. Minto-me sempre. E minto que não acredito. E passo a não acreditar mesmo. Ate que me dizes outra vez e eu volto a acreditar e volto a ter de mentir para te dizer que não acredito. E não acredito.

Tanto mundo contra nós. Tem piada.


Percebi agora que a Gaivota afinal sempre soube voar, só que ganhou medo as alturas. Medo de se cruzar com os fantasmas que se arrastam ao sabor do vento. Assusta. Assusta ouvir os murmúrios dos fantasmas que passam quando estamos abraços. Vazios. Só nossos…

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