19/01/2009

Restos

Há restos de mim espalhados pelo chão. Em pedaços pequenos de mais para serem considerados partes de mim. São restos. Espalhados na habitual desorganização desta casa, já mais velha que os restos que os outros por cá deixaram. São restos que ficam para trás, das histórias que vivi, desde que me permiti viver. São restos meus. Restos teus. Restos do resto do mundo que passou por cá.
São pedaços de histórias, fragmentos de amores. São poemas escritos em cima do joelho. São flores secas. São cartas por enviar. São fotografias rasgadas.
São pedaços do que fui, restos do que sou.
Há restos de mim espalhados pelo chão. E, na minha tentativa quase demente de me manter solida, colo cada pedaço do que restou de mim. É desfigurado o que sobrou de mim. São restos que não se voltam a colar.

Levantas os teus olhos para me olhar assim
Procuras cá dentro onde me escondi
E eu tenho medo, confesso, de dar
O mundo onde guardo tudo o que mais quis salvar
Tu dizes que não há outra forma de ficarmos perto
Não há como saber se o caminho é o certo
Só pode voar quem arriscar cair
Só se pode dar quem arriscar sentir



A colar cada pedaço do mundo que se partiu dentro de mim


Mafalda Veiga - Abraça-me bem

1 comentário:

  1. gostei imenso do texto.
    mas as vezes os nossos restos servem para construir algo novo. (:

    gostaria q se pudesses passasses no meu e desses uma olhadela.

    http://www.palavrasdeparede.blogspot.com/

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