22/09/2005

Pouco importa

Cruzo os braços e arrasto os passos. Não desisto. Eventualmente, nem há nada para se desistir.
Não se criou nada.
Nada.

Vendo bem pouco importa agora. Os traços apagaram-se com o tempo. Sobram uns rabiscos, uns esboços de tudo o que tínhamos para construir. As coisas que nunca realizamos. Aquelas que pouco importam agora.
Pouco importa o tempo. As horas. Os dias. E ate os anos. Agora… Agora que já nada há, nada importa.

Que se lixem os passados, as histórias (encantadas ou não), que se lixem os sonhos, as mentiras.
Que se lixe o amor…
Cruzo os braços e arrasto os passos. Pouco importa.
Que se lixe o amor… O amor que não sinto só porque alguém o inventou para mim.
Que se lixe o que eu inventei… O que eu disse… O que eu não tive coragem de construir…

E ter a alma nos olhos que não querem olhar mas que não deixam nunca de ver. E ter os sonhos nas pontas dos dedos prontos a contarem uma história.
E ter vida. Muita vida. E ter esperança…
E coragem.



Cruzo os braços e arrasto os passos. Pouco importa.
Não é este o caminho que escolhi.

E ter vida
E coragem



Mafalda Veiga - Fragilidade

Talvez pudesse o tempo parar
Quando tudo em nós de precipita
Quando a vida nos desgarra os sentidos
E não espera, ai quem dera

Houvesse um canto pra se ficar
Longe da guerra feroz que nos domina
Se o amor fosse um lugar a salvo
Sem medos, sem fragilidade

Tão bom pudesse o tempo parar
E voltar-se a preencher o vazio
É tão duro aprender que na vida
Nada se repete, nada se promete
E é tudo tão fugaz e tão breve

Tão bom pudesse o tempo parar
E encharcar-me de azul e de longe
Acalmar a raiva aflita da vertigem
Sentir o teu braço e poder ficar

É tudo tão fugaz e tão breve
Como os reflexos da lua no rio
Tudo aquilo que se agarra já fugiu
É tudo tão fugaz e tão breve.

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