08/10/2005

Tipo folha... Tipo nada

Sinto-me, indiscutivelmente, inútil. Como as folhas, afinal, que cansadas do verão se deixam cair no chão. É tipo folha mesmo. Em queda permanente. Em voo descontinuo, marcado pela bondade do vento. Tipo folha. Seca. Quase morta.
Não que sofra de algum mal indubitavelmente sério. Ou de um qualquer mal banal. Não sofro de nada. Desaprendi de sofrer… E, drasticamente, desaprendi de sorrir. Foi inevitável a anulação dos sentidos. A quase anulação de mim. A quase total anulação de mim. Pouco importo. Desaprendi de sofrer e por isso hoje sou inútil e não sofro por tal.
Sou folha, seca, quase morta, em queda permanente. Eventualmente nem sou nada disto, porque as folhas não são assim tão inúteis como eu.

E eu sonho. E não vejo as folhas a sonhar. Não que alguma vez alguém me veja a sonhar. Mas eu sonho. Juro que sonho. E sonho muito
Mas sou inútil. Os sonhos são inúteis… E as noites em branco também.

Tipo folha que voa ate cair ao chão.
E morro devagar numa queda permanente a que os optimistas chamam de voar. Ate ao dia em que bato duro no chão e perco de vez os sentidos e deixo de sentir que sou inútil.
No dia em que os sonhos acabam.
E deixo de ser tipo folha e passo a ser tipo nada…

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