O sol ainda ilumina o dia. E a noite ainda trás [normalmente] a lua. O céu ainda se enche de nuvens empurradas pelo vento que me gela os pés. [Ou será a água do mar que já chegou aqui?] Tenho os sentidos trocados agora que já não sinto o teu corpo. Agora que me deito na noite vazia sem saber ao certo se é noite. Porque eras tu que marcavas as horas do meu dia. Agora, os minutos ecoam sem significado e, sem futuro. Agora os passos fazem-se de caminhadas sem sentido. E o sol vem e vai como quem não sabe ao certo o que quer. Como o mar, que ninguém sabe ao certo onde vai.
O mar embala todas as noites o sol. É essa a hora que eles marcam, a hora certa. Tu marcavas também o meu tempo quando chegavas. Agora já não chegas mais. E eu perdi a noção das horas, dos dias, dos anos. A chuva bate na janela com a força que pode para me mostrar que é Inverno [eu sei que é], mas o que é o Inverno sem o calor do teu corpo para me temperar a alma? O que é o Inverno sem as tuas mãos a servirem-me de cobertor? O que é o Inverno sem os teus olhos a substituírem as estrelas? O que é o Inverno quando bate numa casca vazia? É assim o Inverno em mim. Igual ao verão ou a outra qualquer estação. Como o meio dia é igual a meia noite. Porque tu já não vens a meia noite. E eu já não te espero ao meio dia.
A verdade é que o sol ainda ilumina o dia. Eu sei. Mas não consigo ver.
“És tudo o que eu vejo.
Sempre que eu insisto, eu esqueço que eu existo”
E agora resta-me a certeza que um daqueles Fins com sabor a começo vai chegar ate mim.
Ate lá vou me guiando pelas horas dos outros…
És tudo o que eu vejo.
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