24/07/2005

Dizer-te não

quero deixar de ver estrelinhas onde só há nevoeiro
quero deixar de desenhar corações com os dedos no teu corpo
quero deixar de sonhar com os pesadelos do amanhã

quero dizer-te que não

deixou de haver espaço para mim debaixo dos teus pés
larguei as asas para te acompanhar, num passo incerto que não me levou a lado nenhum
abandonei o tempo para deixar de não ter tempo para ti, ou para esperar por ti

sei agora que tudo foi em vão. sei que afinal eu nem te queria tanto assim, porque não se pode querer o que já se tem, eras meu por imposição da vida, dos caminhos, por imposição divina, de quem não vê por dentro de nós
larguei as asas para te acompanhar, num caminho sem fim que eu afinal nem queria percorrer
fui tua. Sim fui tua. quis ser tua por saber que não seria para sempre. quis acreditar que seria para sempre. Apesar de não ser sempre.

Não conseguimos cantar juntos. Nem dançar juntos

quero dizer-te que não

já não há inevitabilidade que nos junte, já não há horas certas, nem caminhos de encontros, já não há futuro, nem coisa nenhuma que se pinte de sol. De nós aqui restamos nós. Eu e tu. Sem planos. Nem desejos. Nem coisas bonitas para se dizer. Sem olhares. Sem compassos certos. Sem banda sonora. Eu e tu.

Separa-nos agora o tempo que se esgotou. Separa-nos as lágrimas que nunca foste capaz de chorar. Aquelas que eu chorei por ti. Separa-nos os sorrisos todos que queremos guardar. Separa-nos um oceano de prazeres, que já não desejamos. Separa-nos um compasso trocado e um passo errado.

Não sei qual de nós escolheu o fim. Nem porque nos apeteceu tanto não sofrer.

Sei, como sei o Sol, que nos separa qualquer coisa que nunca mais nos pode juntar. Separa-nos o fim de nós no esgotamento natural dos sentimentos. No esvaziar das palavras sem sentido.

chega de coisas bonitas
chega de promessas perdidas
chega de ouvidos vazios
chega de nos inventarmos quando afinal nem nos queríamos
chega de beijos em troca de fingirmos desejos

o meu caminho não é por aqui e sei que o teu passa por uma lagoa azul lá na terra do sol.
o meu é mais céu.


Voltou a colocar as asas.
Percebeu que nunca é tarde para se tentar mais uma vez.
Subiu a uma rocha pendente sobre o mar.
Respirou fundo.
Abriu as asas…


…E voou


é assim que me quero amanha. De asas abertas. De olhos no mar. de sonhos vazios para poder voltar a acreditar no amor. Só longe de ti, querido. Só longe de ti posso voltar a amar.

… E voar

E dizer-te não só mais uma vez… A última vez…


Da Weasel - Força

Tás a sentir
Uma página de história
Um pedaço da tua glória
Que vai passar breve memória
Tamos no pico do verão mas chove
Por todo o lado
Levo uma de cada
Já tou bem aviado
Cuspo directo no caderno
Rimas saídas do inferno
Que passei à tua pala
Num tempo que pareceu eterno
Tou de cara lavada
Tenho a casa arrumada
Lembrança apagada
Duma vida quase lixada


Passeio na praia
Atacado pelos clones
São tantos iguais
Sem contar com os silicones
Olho para o céu
Mas toda a gente foi de férias
Apetece-me gritar
Até rebentar as artérias


(Respiro fundo)
E lembro-me da força
(Guardo dentro do meu corpo)
Espero que ela ouça

Todo o amor deste mundo
Perdido num segundo
Todo o riso transformado
Num olhar apagado
Toda a fúria de viver
Afastada do meu ser
(Cansado de viver)
Até que um dia acordei
(E logo desesperei)
Vi que estava a perder
Toda a força que cresceu
Na vida que deus me deu
A vontade de gritar bem alto:
"O MEU AMOR MORREU"

Todo o mundo há-de ouvir
Todo o mundo há-de sentir
Tenho a força de mil homens
Para o que há de vir


Flashback instantâneo
Prazer momentâneo
Penso e digo até
Que bate duro
No meu crânio
Toda a dor
Toda a raiva
Todo o ciúme
Toda a luta
Toda a mágoa e pesar
Toda a lágrima enxuta
Odiando como posso
Não posso encher a cabeça
Não há dinheiro
Nem vontade
Ou amor que o mereça
Não vou pensar de novo,
Vou-me pôr novo
Neste dia novo
Estreio um coração novo

Visto-me de branco
Bem alegre no meu luto
Saio para a rua
Mais contente que um puto
Acredita que custou
Mas finalmente passou

No final do dia
Foi só isto que restou


Todo o amor deste mundo
Perdido num segundo
Todo o riso transformado
Num olhar apagado
Toda a fúria de viver
Afastada do meu ser
Até que um dia acordei
E vi que estava a perder
Toda a força que cresceu
Na vida que deus me deu
A vontade de gritar bem alto:
"O MEU AMOR MORREU"
Todo o mundo há-de ouvir
Todo o mundo há-de sentir
Tenho a força de mil homens
Para o que há de vir
Vai haver um outro alguém
Que me ame e trate bem

Vai haver um outro alguém
Que me ouça também
Vai haver um outro alguém
Que faça valer a pena
Vai haver um outro alguém
Que me cante este poema
"

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