18/07/2005

Um dia eu cresço

É deste vazio sombrio onde me fecho que me abro. É daqui, onde não me vejo, que me consigo escrever.
É desta noite sem luar. Deste ar de verão. Deste céu nu de preconceitos. É deste cheiro a mar. Ou então não é de nada disto e sou só eu a delirar.
É de qualquer coisa de dentro de mim que já não me cabe. Ou já não me serve. É do rebentamento de uma onda, de dentro para fora, como no mar. Uma onda de mim.
É daqui que vos escrevo. De dentro de mim, onde não me consigo ver, mas me sinto demais. Tanto que já não me chego.

Não há papel que me cale agora que tenho as mãos vazias.

Sei que qualquer que seja o meu caminho dificilmente será o caminho certo. Isto porque sei que nasci para errar. Não por ser humana, mas por ser erradamente sentimental.
Sei que o meu caminho não tem fim. Que é uma busca constante.
Sei que não sei parar.
Sei que qualquer perfeição é facilmente substituída por outra perfeição maior.
Sei que os sonhos se tornam pesadelos depois de realizados.
Sei que tenho asas nos pés, e que não sei voar.
Sei que sempre que estiver bem vou procurar estar melhor.
Sei que normalmente esta busca me corre mal, sei que tropeço, sei que me arrependo, sei que vou deixando sempre para trás parte de mim, mas nunca sei o caminho para voltar.

… Sei que um dia me arrependo…
Mas hoje é só mais um último dia.

Sei que não consigo evitar. E que vou sempre partir quando quiser ficar.
Sei que um dia me canso. Sei que um dia me aborreço e cresço.

Meu desejo é morrer na paz do teu beijo, sem futuro é lutar por um beijo mais puro

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