11/07/2005

Quem és tu de novo?

Não sei o teu cheiro, nem perguntei o teu nome no dia que chegaste com pressa. Sem pressa de sair.
Não voltaste, porque no fundo nunca chegaste a partir.
E se nunca partiste… Se nunca voltaste… Não sei porque me parece sempre ser a primeira vez que te vejo quando chegas entre as sombras e a luz do sol.
É como se fosses novo todos os dias. Como se o Sol fosse teu. Como se o Mundo girasse no compasso do teu passo. Tu não entendes…
Não te amo para sempre. Porque amanhã sei que te vou trocar por ti.
Vou me voltar a apaixonar. Vou voltar a sonhar. Vais me ensinar a voar. Fazes isso todos os dias e todos os dias começamos de um zero mais à frente.
É como se a descontinuidade de nós nos fizesse mais certos. Mais nossos. É como se nos entregássemos de novo todos os dias, como se ainda nada tivéssemos trocado. É como se fossemos sempre iguais na nossa desigualdade. Como se tudo fosse nosso sempre pela primeira vez.
Conhecemo-nos em cada encontro. E nunca te perguntei o nome. Nunca te decorei o cheiro, porque sei que amanhã vens diferente e eu tenho de estar de portas abertas para me apaixonar por ti.
Podes voltar amanhã.
Tu não voltas. Renovas-te. E apareces. E eu apaixono-me e peço sempre para não partires. E tu não partes mas nunca ficas.
Não me vou apaixonar por ti para sempre.
Mas vou sempre apaixonar-me por ti.



Jorge Palma – Quem és tu de novo?
Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta?
Quem és tu, na imensidão do deslumbre?

As redes são passageiras, as arquitecturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga

Quando o tecto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor, diz-me que és alguém, de novo?

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