29/08/2005

O cheiro das cores

Disseram-lhe um dia que as nuvens eram as almofadas dos anjos.

E ela dormia sobre as nuvens…



Dizem que sou menos capaz que os outros. Não sou. A prova disso é que estou aqui. Tenho 19 anos. Tenho os sonhos todos presos nas pontas dos dedos. Sim sou mortal. Sou limitada e um pouco diferente do conceito “normal”.
Bem sei que tenho menos hipóteses na vida, mas não é por falta de capacidade é por falta de meios e de apoio.

Nasci cega. Não é segredo. Vou morrer cega. Não é vergonha.

Tenho 19 anos e tenho consciência de um mundo que não conheço.

Falaram-me de um planeta azul e de uma estrela muito brilhante.
Falaram-me de cores…
Eu falei-lhes de cheiros, de sons, de texturas. Ninguém me percebeu muito bem.
Falaram-me de imagens… de cores…
Perguntei-lhes o cheiro das cores, dissera-me que as flores é que têm cheiro não as cores.
Perguntei-lhes o cheiro do dia, da noite, da lua, da terra…
Só me sabiam dizer cores.

Um dia sentei-me num banco de jardim, atenta a ver o mundo. A ver as suas cores, aquelas que conseguia cheirar.

Percebi o cheiro da terra aquecida pelo Sol, percebi o cheiro frio da lua e da chuva, percebi o cheiro a sal do mar e o cheiro de cada pessoa.

E percebi…


Recomeça

Disseram-lhe um dia que as nuvens eram as almofadas dos anjos.

Cheiravam a sonho…

E ela pintou as nuvens com as cores que aprendeu…

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