29/06/2005

Dei voltas. De braços esticados, abertos. De olhos fechados, ensanguentados.
O relógio não deu horas. O sol não nasceu. As estrelas partiram e o céu ficou vermelho. Fora isso. Fora eu. Uma arvore. Um canto, sem edifício. Uma paragem. Uma bolinha de sabão.
O autocarro não passou. Eu não esperei. Fui a pé. Não havia caminho e a arvore era agora um baloiço pendurado numa nuvem cor de laranja que estava imóvel no céu vermelho.
A mim só me apetecia parar. Tinha os pés cansados dos caminhos todos sem fim. Das escolhas desacertadas. Mas o chão fugia-me a cada passo e todo o terreno era inseguro.
Agarrei-me à bolinha de sabão e subi até à nuvem cor de laranja que segurava o baloiço que só agora notara ser em forma de sol. Sentei-me na nuvem. Puxei o baloiço para cima. Agarrei no sol e atirei-o ao céu. Ele prendeu-se no manto vermelho, clareou. Comi a nuvem. Cai.


Não podemos desejar o chão quando fomos feitos para voar...



[Adormeci no sofá… Fora isso, acordei desorientada e com um sabor a laranja na boca]

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