Semana infernal. Onde estas tu super-homem? A salvar o mundo inteiro, menos a mim. Eu também preciso de ti.
Será que nunca te apercebeste que eu precisava de ti? Sempre fui muito independente, só. Mas quando entraste e me trouxeste uma vaga de ar fresco, habituei-me a isto. Agora fechas as botijas e levas a loja para outros pastos. Abro as janelas para respirar.
Estas bem? Todas as noites me pergunto. Estas bem? Quero te bem. Talvez nunca tenhas percebido que tudo o que quero e sempre quis foi que estivesses bem, independentemente de isso poder implicar que te afastes de mim por uns tempos e talvez um dia quem sabe te voltes a cruzar comigo, num desses caminhos sem fim que a vida nos proporciona. Independentemente de tudo nunca me interessou a proximidade entre duas pessoas, mas sim a sua cumplicidade. Sou tua cúmplice. Quero te bem. Longe. Quero te meu, perto.
Negar-te seria negar-me. Quero-te. Quero o teu riso. O teu olhar. O teu andar. Mas não precisa de ser hoje, nem já.
Amo-te. Amo-te com todo o que tenho. E não tenho medo de o dizer. Alguma vez te disse? Creio que não. Creio que não precisavas de ouvir. Há coisas que só se sentem. E ao dize-lo só iria minimizar tudo o que sentia e, sinto por ti. Sempre duvidamos do amor. Passávamos horas a falar sobre se existia mesmo esse sentimento, ou se simplesmente tinha sido inventado para nossa infelicidade. Achávamos que os Homens procuravam em toda a sua existência esse sentimento, e não o realizando, em nenhum estado de vida, morriam frustrados. Limitamo-nos a acreditar nisto para nunca nos frustrarmos. E se agora te disser que tenho a certeza que esse sentimento existe? Chamemos-lhe amor para facilitar. Entrei numa nova dimensão. E tu não estas cá para partilhar isso comigo. Volta depressa.
Irrita-me o teu silêncio. Irrita-me a tua distância. Volta depressa.
Tenho saudades do teu cheiro a mar.
Sou feito de ondas
Oh se eras… um mar imenso onde eu só queria mergulhar.
Tenho saudades do teu sabor salgado.
Sou feito de maresia
Calma, incerta, violenta, intensa… oh se eras… e eu só queria viajar no teu corpo, noites e noites sem fim, distinguindo o dia da noite apenas pela luz trémula que teimava a entrar pela a janela mal fechada.
Tenho saudades tuas. Lembras-te do quanto nos riamos da palavra saudade? Só portuguesa mesmo. Procuramos em todas as línguas e dialectos. Ninguém mais tem saudades. Então achávamos que as saudades não existiam, que nós as inventávamos para sofrermos mais um pouco.
Pois, agora, riu-me do que dizíamos.
As saudades existem, sentem-se, vem-se, saboreiam-se. Saboreio cada dia da tua ausência como um sabor de um gelado novo. Sentes saudades minhas? Ao menos faço te falta?
Sonhador. Pescador de sonhos. Incompreendido pescador de sonhos. Volta depressa.
Ganhaste me na rifa tolinho.
17/01/2005
Volta depressa (Carta 3)
Publicada por
Patrícia Mota
à(s)
21:12
Porto, 30 de Junho de 2004
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E não são todas estas cartas uma certeza do amanhã?
ResponderEliminarPercebo o que sentes... também eu sei que aqui vou estar amanhã porque ainda não fiz tudo! Brilhe o sol ou molhe a chuva... amanhã também é dia!
Bjs
Só quem tem um grande coração pode chegar a esses sentimentos que por vezes duvidamos existir... no entanto, eles existem e se lhes conseguirmos abrir as portas do nosso coração seremos certamente mais felizez, porque a vida só faz sentido quando partilhada...
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